Tudo começou quando Paulo tinha 12 anos, na maior ingenuidade, pediu ao pai uma moto. De cara, levou um não. É claro que isso não mudou nada. Começou a andar escondido na moto de um amigo-vizinho, morador do mesmo condomínio. Um dia, seu pai chegou mais cedo em casa e o viu andando que nem um louco, sem capacete ou qualquer equipamento de segurança. É claro que levou uma bronca enorme. Apesar disso, também saiu lucrando. Ao invés de comprar uma moto, foram 2 motos: uma para ele e outra para o pai, com isso poderíam fazer trilha juntos com todos os equipamentos de segurança e fora das ruas, onde com certeza o risco seria muito menor. Nas trilhas conheceram outros motociclistas que nos sugeriram fazer Enduro de Regularidade. Experimentaram uma vez só, mas logo Paulo desistiu: achava muito monótono. Enduro de Velocidade isso deveria ser bem mais emocionante. 

Convencer a sua mãe, já não foi tão fácil. Mas nada que um bom argumento não resolvesse. Sempre dizia para ela que o Enduro de Velocidade não era perigoso, perigoso seria o Motocross e começou a fazer Enduro de Velocidade, mais tarde quando decidiu fazer Motocross dizia que perigoso mesmo seria o Supercross. Alguns anos depois quando iniciou nas competições de Supercross dizía – ele e seu técnico – que perigoso mesmo seria o Ultracross. Até hoje, não se sabe se ela fingia ou acreditava mesmo. A única certeza era que ela sempre o apoiava.

Em pouco tempo já estava participando de vários campeonatos e consolidando seu nome, ou melhor, seu apelido: CHASSIS DE FRANGO, uma brincadeira dos pilotos devido ao seu “grande porte atlético”. Na época era tão miudinho, que parecia o frango da Sadia, só que um pouco menor, por isso um amigo me apelidou de CHASSIS DE FRANGO. Mandou gravar esse apelido em sua calça de competição, daí foi um pulo para todo o chamar de “Chassis de Frango” e depois simplesmente “Chassis”.

O ACIDENTE
Aos 19 anos estava na sua melhor fase como piloto, tanto física quanto tecnicamente, participando de campeonatos estaduais, nacionais e internacionais, quando em uma corrida extra-oficial depois de um salto errado, na verdade uma queda boba, fraturou a coluna. De imediato já não sentia mais as pernas. Logo percebeu que a coisa era muito séria.

A REABILITAÇÃO
O que todos imaginavam que seria  o fim de tudo, para ele passou a ser o começo. Literalmente, o começo da sua “corrida de recuperação”. Encarou o pessimismo dos médicos como um desafio, uma oportunidade de superação de limites.

Acho que muitos médicos e fisioterapeutas o consideravam o “paciente” louco, e muitas vezes chato. Sempre perguntava o por quê de fazer determinado exercício, qual a sua finalidade, que tipo de benefícios traria, qual músculo seria trabalhado.

Lembro que uma vez, um médico teve a “audácia” de dizer que era para se acostumar na cadeira de rodas, pois não sairia mais dela. Aquela frase o irritou tanto, que ao invés de discutir com ele, encarou como um desafio: com certeza voltaria a andar. Nem que fosse para voltar um dia no consultório e mostrar que a esperança é algo que não se pode tirar de ninguém. Paulo sempre diz ”Temos que acreditar em nossa própria força, nas conquistas da Ciência e principalmente em Deus”.

O esporte que praticava já havia o ensinado a buscar vitórias, superar limites. Encarar sua atual situação dessa forma, ajudou muito nesta nova fase.
Pensa naqueles que estão passando por situação semelhante e que não tem um preparo para encarar dessa forma. Deve ser bem mais difícil de reagir e buscar saídas, por isso criou a Associação VIQUI.